A história da capoeira

A história da capoeira
Apresentamos aqui um curso resumido da história do Brasil e da capoeira. No final da página oferecemos links e recursos que utilizamos para criar este site, para desenvolver e aprofundar determinados trechos.

No século XVI,

Os colonos portugueses deportaram escravos africanos para explorar as riquezas do solo brasileiro. Para melhor escravizá-los, separaram indivíduos da mesma família e da mesma tribo. Assim, cada grupo incluía uma mistura de diferentes línguas, culturas, costumes e tradições.

Incapazes de se entenderem, os escravos foram obrigados a comunicar na língua dos seus escravizadores: o português. Seus cultos e ritos foram proibidos, bem como qualquer coisa que pudesse ser um meio de aliança e revolta. No entanto, os colonos não conseguiram saciar completamente a sede de liberdade dos escravos e, neste contexto, surgiu a capoeira. Representa o encontro de culturas, rituais, músicas e técnicas de combate, tudo mascarado numa dança.

No início do século XVII,

alguns escravos se rebelaram e se reuniram em acampamentos chamados “Quilombos”. Alguns quilombos reuniram mais de 30 mil fugitivos. Os líderes dos rebeldes contribuíram muito para o desenvolvimento da capoeira que se tornou uma arma contra os colonos. Assim, na virada do século XVIII, teve início a repressão à capoeira. Em 1780, a palavra “capoeiragem” apareceu nos registros policiais e preocupou as autoridades. As repreensões eram severas, quem fosse flagrado praticando capoeira era preso, gravemente mutilado ou até morto na hora.

Em 1888,

a escravidão é abolida no Brasil, mas a capoeira continua proibida. Os libertos que não tinham a educação necessária para se integrarem na sociedade recorreram ao banditismo. A capoeira vira prática de criminosos. Os criminosos colocam lâminas de barbear nos dedos dos pés para desferir golpes fatais. A capoeira foi então rejeitada por alguns dos seus iniciados e ainda assim, nas sombras, sobreviveu até 1937.
O presidente Vargas revoga a lei de proibição e autoriza a prática da capoeira nas academias. Foi neste momento que surgiram dois grandes “Mestres” da capoeira:

Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado )

(1900-1974), filho de Luiz Cândido Machado e Maria Marinha do Bonfim, nasceu em 23 de novembro de 1900, no bairro do “Engenho Velho”, Freguesia de Brotas, de Salvador da Bahia no Brasil. O apelido “Bimba” vem de uma aposta entre a mãe e a parteira. A primeira pensou que ela teria uma menina enquanto a parteira tinha certeza que seria um menino. No parto, a mãe perguntou quem tinha ganhado a aposta e a parteira respondeu “É uma bimba, dona Martinha”. A palavra “bimba” em português refere-se ao órgão genital masculino dos bebês.
Bimba começou a praticar capoeira aos 12 anos, com um mestre afrodescendente chamado Bentinho, capitão da Companhia de Navegação da Bahia. Quatro anos depois, Bimba começou a ensinar Capoeira Angola para funcionários de empresas nos portos da Bahia. A Capoeira Regional surgiu da fusão da Capoeira Angola com o Batuque, luta que Bimba aprendeu com seu pai, campeão do Estado da Bahia. Essa nova forma de Capoeira foi chamada de “Luta Regional da Bahia”. Bimba procurou então provar a sua eficácia não só contra outros capoeiristas e policiais agressivos, mas também e principalmente, lançando um desafio a outros representantes conhecidos de todos os tipos de lutas. Ele venceu todos os torneios, aquele que durou mais tempo não ultrapassando 1 minuto e 10 segundos. Os jornais da Bahia contaram suas façanhas, enfatizando sua coragem e tenacidade. Com a expansão do esporte para além dos confins de Salvador, a luta livre passou a ser chamada de “Capoeira Regional”. Em 1932 Mestre Bimba fundou sua primeira academia regional de Capoeira, no “Engenho Velho de Brotas” de Salvador, chamada de “Centro Cultural Físico Regional da Bahia”.
Em 1937 conseguiu registrar sua academia na Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública de Salvador, em reconhecimento ao seu trabalho.
Em 1942 fundou a sua segunda academia no Terreiro de Jesus. Decepcionado com a falta de apoio do poder público baiano e confiando nas promessas de seu aluno Oswaldo de Souza, que dava aulas em Goiana, Bimba partiu para esta capital em janeiro de 1973, certo de encontrar ali uma vida mais digna.
No dia 5 de fevereiro de 1974, no Hospital de Goiânia, Mestre Bimba faleceu, vítima de um acidente vascular cerebral, com a amargura das traições, a decepção da falta de apoio recebido e as dificuldades financeiras.
Regras do Mestre Bimba

Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha)

nasceu em 1889, filho do espanhol José Señor Pastinha e de Dona Maria Eugenia Ferreira.
Seu pai era comerciante, dono de uma pequena mercearia no centro histórico de Salvador. Sua mãe, com quem teve pouco contato, era uma negra de Santo Amaro da Purificação, lavadeira e vendia acarajé. Conheceu a Capoeira aos oito anos, por iniciativa de um africano chamado Tio Benedito, que resolveu lhe ensinar sua arte vendo-o lutar contra outro menino muito maior que ele. Pastinha passava todas as tardes treinando na rua do Tijolo, em Salvador. Foi aqui que ele aprendeu a ser um vencedor. Viveu uma infância feliz, embora pobre e modesto, frequentando aulas matinais no colégio de artes onde aprendeu a pintar. À tarde treinou capoeira. Aos treze anos ele era o garoto mais respeitado do bairro. Seus pais o matricularam na escola de aprendizes de marinheiro, não querendo que continuassem a capoeira que consideravam ser para vagabundos. Descobriu então os segredos do mar enquanto ensinava capoeira aos amigos. Aos 21 anos voltou para Salvador, decidindo se dedicar à pintura. Nas horas vagas treinava capoeira às escondidas, pois sua prática ainda era crime na virada do século. Em 1941 fundou o Centro Esportivo Capoeira Angola, no Pelourinho. Esta foi sua primeira academia de Capoeira. O uniforme de seus alunos era calça preta e camisa amarela. Pastinha trabalhou extensivamente para divulgar a Capoeira, representando o Brasil e a arte negra em vários países. Aos 84 anos, doente e fisicamente debilitado, foi morar num quartinho no Pelourinho com a segunda esposa, dona Maria Romélia. Teve que abandonar a antiga sede da academia por problemas financeiros. Sua única renda vinha do acarajé que sua esposa vendia. Em abril de 1981 participou da última roda de sua vida. Na sexta-feira, 13 de novembro de 1981, Mestre Pastinha faleceu aos 92 anos, cego e paralítico, de infarto.

Os grandes personagens

Há uma infinidade de personagens no mundo da capoeira, que marcaram a evolução da prática, mas também da cultura e da história do país, tais como:
Zumbi dos Palmares (1655-1695)
Manduca da Praia (década de 1850)
Besouro Manganga (1885-1924)
Lampião (1900-1938)
Meistre Waldemar (1916-1990)
Meistre Ezequiel (1942-1997)
Mestre João Pequeno (1917 - 2011)
Mestre João Grande (1933 - ...)
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É a década de 1950

que a capoeira está experimentando um crescimento considerável. Apenas 20 anos depois, já espalhado pelo Brasil, ganha adeptos na Europa e nos Estados Unidos dentro de numerosos grupos.
No início da década de 1960, três capoeiristas treinavam juntos nos bairros do Rio. Eles formarão um grupo que se chamará, alguns anos depois, Senzala. Em 1966 ocorreu a primeira apresentação oficial do grupo. O grupo Senzala vai implantar o sistema de fileiras e cordas e isso marca o início da expansão da capoeira no mundo.

Por muito tempo

Proibida e depois tolerada, foi somente em 15 de julho de 2008 que a capoeira passou oficialmente a fazer parte do patrimônio cultural do Brasil.

Para ir mais longe, aconselhamos:


O livro escrito por Mestre Bem Ti Vi: “Capoeira revelada”.
http://www.capoeiranocorpo.com/un-peu-dhistoire
http://www.capoeira-paris.org/capoeira.php
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